Hey, sonhadores! ❤️
Como 23/4 é Dia Mundial do Livro, e 01/5 é Dia da Literatura Brasileira, o post de hoje é sobre o livro nacional A gata do rio Nilo, de Lia Neiva, publicado pela Globo Livros. Esse livro conta distintas perspectivas sobre o motivo que deixa Victor Alexandre muito abalado e letárgico. Em cada capítulo, um personagem mostra a sua versão da história.
Escolas literárias (em prosa) presentes no livro:
Barroco ― troca epistolar entre José Lourenço e José Fulgêncio
Romantismo ― versão de Victor Alexandre
Realismo ― versão de Epaminondas
Naturalismo ― versão de Dalmo
Modernismo ― versão de Glorinha
Pós-Modernismo ― versão de Naná
Personagens:
José Lourenço (tio de Victor Alexandre)
José Fulgêncio (pai de Victor Alexandre)
Victor Alexandre
Epaminondas
Dalmo
Glorinha
Naná
O livro começa com a troca de cartas entre José Lourenço e José Fulgêncio. Através dessas correspondências, sabemos que Victor Alexandre está combalido, que esmoreceu por algum motivo. A preocupação dos dois com a saúde de Victor nos incita a perguntar “o que aconteceu para deixá-lo assim?” Na última carta, o tio explica que o sobrinho, em confissão, falou sobre o ocorrido e o porquê ficou tão abatido ― óbvio que não escreveu o motivo. Dessa forma, o leitor é instigado a ler o próximo capítulo para descobrir o que deixou Victor Alexandre sem brio.
No segundo capítulo, é narrada a história de Victor Alexandre, professor que vai almoçar no estabelecimento Azul. Nesse local, conhecerá o dono, Epaminondas, e o vendedor de tônicos, Dalmo, e a relação conflituosa que este sofre em casa por conta das birras e brigas entre Glorinha e Naná. Victor dá uma ideia a Dalmo de como acabar com essas brigas. A partir daqui, sabemos todos os acontecimentos e o que tanto o atormentava a ponto de deixá-lo apático. Como esse capítulo é o Romantismo, nosso protagonista tem ideais de justiça, igualdade e liberdade, porém encontra obstáculos para viver a felicidade depois do ocorrido.
O terceiro capítulo é a versão de Epaminondas. Um homem que, apesar de parecer bonachão e ser bajulador, vive para o trabalho. Sua frase típica: “É como uma tática de guerra, como um barril de pólvora.” Ele acha incrível a ideia do professor e afirma para Dalmo “um professor sabe o que diz”. Como esse capítulo é o Realismo, a forma como a história é narrada mostra a objetividade (a forma direta) das cenas e situações; não há idealização do amor e da amada; além disso, a descrição de Epaminondas exibe suas falhas de caráter e seus comportamentos duvidosos.
O quarto capítulo é a versão de Dalmo. É reclamista de uma farmácia da rua Riachuelo, ou seja, vende medicamentos manipulados dessa farmácia aos moradores da Tijuca e arredores. Dalmo não é um sujeito que desperta simpatia, pois é briguento, grosseiro, imprudente, vulgar (entre outras características). Recebeu a solução de Victor Alexandre com surpresa, porém ficou feliz e aliviado ao concretizá-la ― ainda mais que o conselho foi de um professor. Esse capítulo é o Naturalismo, por isso, ao descrever a vida de Dalmo, é apresentado a influência do meio e sua luta pela sobrevivência. Também é pontuado que não é um homem “civilizado” e enfatizado seu lado mais animalesco.
No quinto capítulo, temos a versão de Glorinha. Aqui a história é narrada como peça de teatro e é dividida em duas partes: em 1.052 a.C. e na década de 1.940. Essa divisão mostra a relação de Glorinha e Naná no passado longínquo e no presente da trama. É uma relação conflituosa nas duas épocas, a meu ver, por falta de entendimento entre elas que se prolongou por séculos. A implicância de Glorinha se dá por dois motivos: (i) a ausência de amabilidade de Naná com ela (presente); (ii) o medo e a incompreensão de Glorinha do que estava acontecendo ao seu redor (passado). Como é a Terceira Geração do Modernismo, apresenta uma linguagem objetiva e mais formal.
No último capítulo, temos a versão de Naná. Aqui o narrador explicita os sentimentos e a confusão dela por não conseguir se mexer. Diante disso, Naná reflete sua vida e seu casamento ― assuntos que lhe causam muita tristeza. Duas reflexões são constantes: o estresse que passa com Glorinha que a inferniza frequentemente e o quanto sofre no relacionamento abusivo que tem com Dalmo. Por ser Pós-Modernismo, o capítulo tem multiplicidade de estilos, ou seja, não atende a regras rígidas.
É importante notar que a escola literária usada para cada personagem dialoga com o caráter do protagonista de cada perspectiva. Além disso, a frase de Epaminondas sofre leves mudanças para combinar com o estilo literário dos capítulos. Lia Neiva foi genial ao escrever esse enredo, pois a obra é sobre distintas versões da história, e cada versão figura uma escola literária.
Recomendo a leitura de A gata do rio Nilo, porque é um ótimo exemplo para entendermos a construção narrativa e a linguagem das escolas literárias presentes no livro. E digo mais: todos os alunos do ensino médio e professores de Literatura deveriam lê-lo. Já conheciam ou leram A gata do rio Nilo? Comentem para trocarmos ideias. Um abraço e até o próximo post! o/
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Que show de Literatura! Arrasou 🤩
ResponderExcluirAcredito que vc irá amar esse livro. 🥰📖
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