Resenha: Os mortos herdarão a terra


Hey, sonhadores!


No dia 23/4 (terça), foi o Dia Mundial do Livro e, no dia 01/5 (quarta), será o Dia da Literatura Brasileira. Para comemorar essas datas, o post de hoje é sobre a novela Os mortos herdarão a terra, de Thais Messora, publicada pela Increasy. A narrativa é ambientada no Rio de Janeiro de 1905 e é dividida em três capítulos: A casa, Assombrados e assombrações, Os mortos herdarão a terra.


🚨 Esta resenha contém um leve spoiler.


Inácio é um médium científico que foi contratado para resolver o problema das assombrações de uma mansão. Lucinda é assistente, na verdade, Inácio a levou para fazer o teste — se fosse aprovada, o emprego de assistente seria dela. A alameda de mansões e a mansão mal assombrada pertencem à família Monteiro e Silva, composta por: Átila (marido), Suzana (esposa) e dona Iolanda (mãe de Átila).

Assim que Lucinda e Inácio entram no casarão, começa uma ventania. Para ela, “a casa sentira a magnitude do poder de Inácio e de que não gostara nada disso. Essa certamente era a causa da ventania”. Lucinda percebe algumas coisas nos integrantes da família, mas prefere manter a postura profissional, pois era a única oportunidade para aprender o ofício com um médium famoso — já que sua “experiência com o oculto se resumia a observar o ofício de sua avó à distância sem jamais receber permissão para participar”.

Um fator importante: os fantasmas se manifestam com frequência, mas, no dia 11 de cada mês, as assombrações fogem do padrão, ficam mais violentas. Dia 11 (não é mencionado o mês) foi a inauguração da alameda de mansões, por isso foram à casa nessa data, à noite.

Lucinda tem altas expectativas para o trabalho, porém constata que Inácio a considera uma pessoa sem utilidade (que não tem nada a contribuir para o trabalho) e que só serve para carregar a maleta. Durante a leitura, percebemos que Lucinda tem dom mediúnico, mas a sua experiência para lidar com os espíritos é zero. No casarão, ela confronta os seus demônios: se pergunta se tem capacidade para lidar com assuntos sobrenaturais. Além disso, não sabemos nada do seu passado, mas descobrimos que é insegura por conta disso, pois há algum evento que relaciona a sua cidade natal, o falecimento de sua avó e o sobrenatural. 

É importante frisar o significado do nome da protagonista: Lucinda — a luminosa, a que ajuda a dar a luz. Ou seja, é através dela que se esclarece os pontos cruciais da narrativa. Lucinda fisga que a família Monteiro e Silva esconde algo em relação às manifestações sobrenaturais. E é aí que está o primor da obra: os motivos que fazem da casa mal assombrada não estão relacionados apenas à mansão em si mas também à família. Quando ela descobre o porquê das assombrações, o narrador afirma: “o sofrimento era tamanho que se acumulara no local, transmutando-se em uma força potente, capaz de devastar tudo ao seu redor. Ela teria recursos o suficiente para enfrentar algo dessa magnitude?”


    Os mortos herdarão a terra não é apenas uma novela de terror, mas usa o terror para fazer uma forte crítica social: há corpos/pessoas que valham menos ou que não valham nada? Ao longo da narrativa, Lucinda elucida* para nós leitores o duplo preconceito dessa família abastada: racismo e aporofobia, além de nos fazer perceber a hipocrisia deles. Ao final da leitura, o livro nos proporciona duas reflexões: os negócios são mais importantes do que as vidas? Em nome do progresso (nesse caso, alameda de mansões), vale tudo?

    Recomendo essa novela sem pensar duas vezes, pois é uma história muito bem construída, além da leitura ser fluida e instigante. Para mim, o bônus é a ambientação ser no Rio de Janeiro (rs). Confesso: fiquei com vontade de ler outras obras de Thaís Messora. Já leram Os mortos herdarão a terra? O que acharam? Comentem para trocarmos ideias. De mais a mais: qual outro livro de terror brasileiro vocês me recomendam? Um abraço e até o próximo post. o/



*Sim, ficou um eco (Lucinda elucida), mas o uso foi proposital.




Comentários

  1. Não fazia ideia que tinha esse gênero ambientado no Rio de Janeiro. Obrigada pela indicação!

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