Nossas noites e o amor na maturidade


Hey, sonhadores! 

O post de hoje é sobre a novela Nossas noites, de Kent Haruf, publicada pela Companhia das Letras. Esse livro é maravilhoso! E tentarei despertar em vocês o desejo de lê-lo.

Addie Moore e Louis Waters têm mais de sessenta anos e moram a um quarteirão de distância, em Cedar Street (condado de Holt), há mais de 40 anos, mas nunca tiveram proximidade. A história começa com Addie indo à casa de Louis para lhe fazer uma proposta:

“O que você acharia da ideia de ir à minha casa de vez em quando para dormir comigo? (...) Bem, é que nós dois estamos sozinhos. Já há muito tempo. Há anos. Eu me sinto sozinha. E acho que é possível que você também se sinta. Então fiquei pensando se você gostaria de ir para a minha casa à noite e dormir comigo. E conversar.” (Capítulo 1)

 

A princípio, Louis acha a ideia meio absurda, mas topa passar às noites na casa de Addie. Ele fica preocupado com o que as pessoas vão achar e pensar, principalmente, dela. Em contrapartida, Addie não está preocupada com os outros, pois afirma:

“Resolvi que não vou ficar me preocupando com o que as pessoas pensam. Já fiz isso tempo demais — a minha vida inteira. Não vou mais viver desse jeito.” (Capítulo 2)

 

Ao longo da leitura, os dois vão se conhecendo, pois sempre conversam antes de dormir. É através dessas conversas que sabemos e descobrimos mais sobre a vida deles. Eles não têm pressa nem urgência para se conhecerem, como nesse diálogo:

Nós vamos nos divertir muito conversando, não?, disse ela. Eu também quero saber tudo sobre você.

Nós não precisamos ter pressa, disse ele.

Não, vamos com calma.

(Capítulo5)

 

Sobre o amor na maturidade: Addie tem 70 anos, já Louis não sabemos (mas deve ter a mesma idade ou é um pouquinho mais velho). Ambos são viúvos. Percebemos que a conexão de Addie e Louis é recíproca e, por isso, afirmo: a relação deles é tão bonita... Sim, nos faz acreditar que é possível viver algo assim. É muito bom vê-los se apaixonando e se tornando tão íntimos, construindo um relacionamento sólido e tranquilo.

É óbvio que, em pouco tempo, o bairro ficou sabendo desses encontros noturnos e eles viraram a fofoca da semana (ou do mês). Porém, como disse anteriormente, Addie não se importa e não vive mais em função do que os outros vão achar e/ou falar. Ao mesmo tempo em que viram fofoca, eles se tornam exemplos para outras pessoas idosas do bairro de que se pode amar na idade madura. Porém muitos não concordam e acham um absurdo que eles tenham um relacionamento amoroso na idade que têm ─ como se tivesse idade limite para amar e ser amado.

A reação da família não é muito diferente. Holly (filha do Louis) acha estranho, mas aceita. Já Gene (filho da Addie), além de achar a situação sem pé nem cabeça, faz chantagem na mãe para que ela acabe com o relacionamento. Desses dois personagens, certamente, detesto o Gene. É o cara que não tem moral nenhuma (pois tem um relacionamento merda consigo, com a esposa e com o filho) e se vê no direito de embargar a felicidade da mãe.

Acho um disparate que alguns acreditem que podem dar palpite na vida alheia ou que podem decidir (a partir das próprias ideias limitantes) o que o outro deve ou não fazer da vida. Pior ainda julgar um casal que só está fazendo bem um ao outro, e as pessoas não repararem isso é um contrassenso sem fim.

Nossas noites aborda um tema que considero importante: o crescimento de um relacionamento amoroso na terceira idade. Adoro o casal protagonista e o amor que eles constroem ao longo da narrativa, mas odeio a hipocrisia do filho da Addie. Com isso, ressalto três coisas: (i) o que importa mesmo é se vocês estão bem e felizes; (ii) não se preocupem com o que pensam de vocês; (iii) todos devem e podem amar independente da idade.

O livro tem 43 capítulos, mas são curtinhos ─ a leitura é rápida e fluida. Esse livro tem uma adaptação cinematográfica homônima maravilhosa: Nossas noites (2017) ─ produção Netflix. Os atores que interpretam os protagonistas são Jane Fonda e Robert Redford ─ só por esses nomes vocês devem assistir ao filme.

Recomendo demais tanto o filme quanto o livro. Confesso: sou apaixonada por ambas as obras ─ nem deu para perceber. Espero que tenham se interessado em assistir ou ler Nossas noites. Um abraço e até o próximo post! o/


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