Hey, sonhadores!
Na terça, 17 de maio, foi comemorado o Dia Internacional Contra a LGBTfobia. 🌈 Por isso, o post de hoje é uma recomendação do livro nacional Supernormal, de Pedro Henrique
Neschling, publicado pela Paralela.
Minha
sinopse: Beto conheceu André na escola quando tinham 10 anos. Graças a dois
acontecimentos: (i) ter acordado atrasado e (ii) ter esquecido o trabalho de
história em casa, Beto começou uma amizade com André, o menino novato e calado
da turma. Sobre a personalidade dos dois: “André era muito tímido, quieto e
introspectivo, sentava sempre na última fileira, perto da janela, e prestava
atenção em todas as aulas com muita concentração. Beto era mais sociável;
gostava de jogar bola, lutava judô, fazia aula de música; circulava
naturalmente e se dava bem com todos os grupinhos da turma.” Apesar de terem
personalidades distintas, os dois se tornaram melhores amigos. Até que aos 14
anos André mudou de comportamento: não prestava mais atenção nas aulas, não
fazia as atividades escolares e começou a se fechar mais para o mundo. Já Beto,
foi se afastando do amigo por ter o ritmo diferente (estava na fase das
paqueras, andava com outros amigos, praticava surf) e não reparou no isolamento
radical de André. O último contato deles foi por telefone no Réveillon e depois
André se mudou com os pais para Berlim. Anos depois, Beto (advogado) conhece
Helena (assessora de conteúdo para digital
influencers) no restaurante. Beto a reconhece, mas não sabe como e de onde
a conhece. Helena sorridente diz quando se conheceram e Beto leva um tempo para
processar a informação. Beto percebe que Helena, na adolescência, era André. A
partir desse encontro (como o autor descreve), tudo recomeçou: a amizade de
ambos.
A
primeira coisa que me chama atenção nesse livro é a Helena ser superacessível
ao deixar Beto fazer as perguntas que quiser sobre a transição e, se ele
falasse algo ofensivo, ela daria um toque. Percebi, na minha leitura, que Beto
representa os leitores héteros que não convivem com pessoas trans: muitas
perguntas e dúvidas que desejam saber mais e conhecer as histórias.
A
confusão de Beto sobre a transexualidade da amiga é plausível, pois, apesar de
saber que existem pessoas trans, não era algo que convivia, conversava e
aprendia a respeito. Com isso, Helena mostrou ao Beto que o mundo é muito maior
do que o que vive cotidianamente, exemplos: (i) Beto conhecer pessoas fora da
sua zona de conforto, (ii) e acompanhá-la em um trabalho como assessora de uma digital influencer (algo que ele
desconhecia, já que não pertence ao seu meio). Um trecho:
“Pra
mim tudo sempre foi muito... do jeito que as coisas são, do jeito que eu achava
que as coisas eram.”
“E
agora não acha mais?”
“Agora
eu estou descobrindo que existem muito mais coisas do que eu supunha.”
(Capítulo
10)
Beto
não é o tipo de cis que chamamos de hétero top. Só é um cara que não convivia e
desconhecia a trajetória das pessoas trans. Achei fundamental a forma como a
amizade deles se desenvolve e o quanto ele aprende (nós leitores também
aprendemos) com ela. Lê (como gosta de ser chamada) explica tudo de maneira
simples e é compreensiva com ele em suas dúvidas. Adoro a forma que ela
expressa seus pensamentos e posicionamentos. Graças a isso, Beto desconstrói
muitos estereótipos e preconceitos. Como Lê afirma:
“Todo mundo é livre pra sentir,
pra ser, pra fazer o que quiser. Mas, acima de tudo, todo mundo tem que saber respeitar o outro. (...) Respeito é
compreender as diferenças e não se colocar acima de ninguém. É aceitar as
coisas e as pessoas como são, não como a gente acha que elas têm que ser.”
(Capítulo 24)
É
bom ressaltar que, ao longo da leitura, o convívio com Helena faz Beto
compreender como está a própria vida e o que ele quer para si. Ou seja, Lê o ajuda no
processo de autoconhecimento sem perceber.
Por fim, quero mencionar que muitas referências (filmes, atores, cantores...) são citadas no livro. Beto e Helena têm gostos muito parecidos, mas uma das coisas que os une é a música. Por isso, compartilho as músicas mencionadas – confesso que conhecia a minoria.
I. Say it ain’t so – Weezer
II. Against all odds (take a look at me now) – The Postal Service
III. Spit on a stranger – Pavement
IV. I love it – Icona Pop
V. We are golden – Mika
VI. No rain – Blind Melon
VII. Cleanin out my closet – Eminem
VIII. After hours – The Velvet Underground
IX. I Will survive – Cake
X. Creep in a t-shirt – Portugal. The Man
XI. On my shoulders –
XII. Get me away from here, I’m dying – Belle & Sebastian
XIII. Coração radiante – Grupo Revelação
XIV. Oxford comma – Vampire Weekend
XV. I Will follow you into the dark – Death Cab For Cutie
XVI. Pumped up kicks – Foster the People
XVII. Man on fire – Edward Sharpe and The Magnetic Zeros
XVIII. Good riddance (time of your life) – Green Day
Por conta de tudo que foi mencionado, recomendo a leitura de Supernormal. É um livro excelente para aprendermos (e muito) sobre a transexualidade – como é um processo difícil e complexo – e, principalmente, desconstruirmos os esteriótipos e preconceitos. Além disso, Helena é uma personagem que você adoraria ter como amiga (pelo menos foi assim comigo). Espero que, com a minha breve resenha, sintam vontade em ler essa obra primorosa. Um abraço e até o próximo post! o/
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