Poemas sobre o outono



Hey, sonhadores! 

Ontem (20) às 12h33, entrou o equinócio de outono e, além disso, março é o mês dedicado às mulheres. Por isso, compartilho com vocês cinco poemas sobre o outono escritos por mulheres.

 

A chegada do outono – Marzia Cabano

O outono bateu,
o que isso trouxe?
Uma cesta de maçãs,
uma colher de mel,
peras maduras,
as nozes ligeiramente duras,
cachos de ouro,
corvos no coro,
o cheiro de cogumelos,
um pouco longas tardes,
a névoa densa e espessa.
uma colegial silenciosa,
a abóbora redonda e amarela,
uma borboleta cansada,
um tapete de folhas amassadas,
as longas ruas, cinzentas e molhadas,
muitos cadernos para preencher,
muitas castanhas para assar.
Olá, outono, você chegou,
quantas coisas você nos trouxe!

 

 

Amo – Sonia Schmorantz

Amo o silêncio das tardes cinzas de outono
o desenho das aves gravado no céu,
amo andar por estes caminhos, entre árvores
a balançar na brisa que vem do mar...
Amo as horas paradas do tempo em
que o mundo parece ter estacionado numa praia,
onde as ondas fazem graça na areia branca.

Amo as tardes com suas aragens frias,
que buscam seu agasalho na alma,
amo o verde esperança das matas,
o azul pacífico das inquietas águas,
a natureza de tantas cores da ilha,
as mil cores imaginadas e vividas,
cores de doçura e de força,
numa prece que é pura natureza.

 

 

Canção de outono – Cecília Meireles

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando aqueles
que não se levantarão...

Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
 a melhor parte de mim.
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

 

 

Chuva de outono – Ada Negri

Eu gostaria, chuva de outono, de ser uma folha
que encharca você até as fibras
que os unem ao galho, e o galho ao tronco,
e o tronco no chão; e você dentro das veias
você passa, e você se espalha, e você mata sua sede.
Eu sei que o inverno está anunciando: que em breve
aquela folha vai cair, feita de cor
ferrugem, e a lama vai se misturar,
mas as raízes vão nutrir o tronco
a subir dos galhos na primavera.
Eu gostaria, chuva de outono, de ser uma folha,
me abondone ao seu rugido, claro
que não vou morrer, que não vou morrer, só isso
eu vou mudar meu rosto enquanto a terra o tiver
suas estações, e uma árvore terá ramos. 

 

 

O verão acabou – Emily Dickinson

As manhãs são mais amenas
e as nozes ficam mais escuras
e as bagas têm uma face mais redonda.
A rosa não está mais na cidade.
Maple usa um lenço mais alegre.
O campo uma saia escarlate.
E eu também, para não ser antiquado,
vou usar uma joia.

 

 

Ruínas – Florbela Espanca

Se é sempre Outono o rir das primaveras,
Castelos, um a um, deixa-os cair...
Que a vida é um constante derruir
De palácios do Reino das Quimeras!

E deixa sobre as ruínas crescer heras.
Deixa-as beijar as pedras e florir!
Que a vida é um contínuo destruir
De palácios do Reino de Quimeras!

Deixa tombar meus rútilos castelos!
Tenho ainda mais sonhos para erguê-los
Mais altos do que as águias pelo ar!

Sonhos que tombam! Derrocada louca!
São como os beijos duma linda boca!
Sonhos!... Deixa-os tombar... deixa-os tombar...

 

 

Confesso: o outono é a minha estação favorita. Qual a estação favorita de vocês? Gostaram da minha seleção de poemas? Qual o seu favorito? Um abraço e até o próximo post! o/

 

 

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