O livro Sejamos todos feministas é a versão modificada de uma palestra que a Chimamanda Ngozi Adichie deu em dezembro de 2012 no TEDxEuston. Abaixo, seguem alguns trechos de que gosto muito:
“O modo como criamos nossos filhos
homens é nocivo: nossa definição de masculinidade é muito estreita. Abafamos a humanidade que existe nos meninos,
enclausurando-os numa jaula pequena e resistente. Ensinamos que eles não podem
ter medo, não podem ser fracos ou se mostrar vulneráveis, precisam esconder
quem realmente são – porque eles têm que ser, como se diz na Nigéria, homens
duros. (...) o pior é que, quando os
pressionamos a agir como durões, nós os deixamos com o ego muito frágil. Quanto
mais duro um homem acha que deve ser, mais fraco será seu ego. E criamos as
meninas de uma maneira bastante perniciosa, porque as ensinamos a cuidar do ego
frágil do sexo masculino. Ensinamos as meninas a se encolher, a se diminuir,
dizendo-lhes: “Você pode ter ambição, mas não muita. Deve almejar o sucesso,
mas não muito. Senão você ameaça o homem. Se você é a provedora da família,
finja que não é, sobretudo em público. Senão você estará emasculando o homem.” Por
que, então, não questionar essa premissa? Por que o sucesso da mulher ameaça o
homem?”
“Já que pertenço ao sexo feminino,
espera-se que almeje me casar. Espera-se que faça minhas escolhas levando em
conta que o casamento é a coisa mais importante do mundo. O casamento pode ser
bom, uma fonte de felicidade, amor e apoio mútuo. Mas por que ensinamos as
meninas a aspirar ao casamento, mas não fazemos o mesmo com os meninos? (...) a
mulher de certa idade que ainda não se casou se enxerga como uma fracassada. Já
o homem, se permanece solteiro, é porque não teve tempo de fazer sua escolha.”
“Pensamos na palavra “respeito” como
um sentimento que a mulher deve ao homem, mas raramente o inverso.”
“Ensinamos que, nos relacionamentos,
é a mulher quem deve abrir mão das coisas. Criamos nossas filhas para enxergar
as outras mulheres como rivais (...) da atenção masculina.”
“O problema da questão de gênero é
que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos.
Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não
tivéssemos o peso das expectativas do gênero.”
“O que realmente conta é a nossa
postura, a nossa mentalidade. E se criássemos nossas crianças ressaltando seus
talentos, e não seu gênero? E se focássemos em seus interesses, sem considerar
gênero?”
“Um homem pobre ainda tem os
privilégios de ser homem, mesmo que não tenha o privilégio da riqueza.”
“A meu ver, feminista é o homem ou a
mulher que diz: “Sim, existe um problema de gênero ainda hoje e temos que
resolvê-lo, temos que melhorar.”
Certa vez, ouvi de um colega: "Por quê (ser feminista)? Vocês (mulheres) já conquistaram tantas coisas." E fiquei me perguntando: será que não é óbvio que, apesar de termos conquistado tantas coisas, as mulheres ainda são subjugadas? Que socialmente não temos o mesmo respeito que os homens? Meus questionamentos são paralelos aos que são pontuados no texto da Chimamanda. Posteriormente, outro colega falou da igualdade de gênero, mas questionando a força física, ou seja, se queremos ter os mesmos direitos, devemos equiparar a força física também – cara, impossível! A força física está vinculada à biologia (a minha força não se equipara nem a de um homem da minha altura), e o que queremos está vinculado à cultura, ao que socialmente foi construído.
© Foto de Willy Ronis. A sindicalista Rose Zehner durante greve na Citroën. França, 1938.
Enfim, tenho a sensação de que a palavra feminista, quando é dita, – pronto – é como se você tivesse invocado dez mil catimbuzeiros, pois te olham estranho, o clima da conversa muda... Não deveria ser assim, pois o feminismo é uma luta de igualdade política, social e econômica de ambos os sexos.
Para aclarar melhor o tema, recomendo o filme Não sou um homem fácil (2018) da Netflix – o mais legal é que a Alexandra também indica. Ressalto que o filme não é sobre uma sociedade feminista, mas de uma sociedade femista (oposto de machista). Ou seja, a inversão de papéis sociais na película ajuda a entender o porquê a luta do feminismo é tão importante. Também recomendo uma música: Flawless, de Beyoncé feat. Chimamanda Ngozi Adichie. 👇 Um abraço e até o próximo post! o/
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